Menu

Maio Musical é política pública, não só evento, diz Tânia Castanho em entrevista ao Mais Indaiá

6 dias atrás
Compartilhe essa notícia:

Com 33 edições, o Maio Musical deixa de ser apenas um evento e se consolida como política pública cultural estruturada em Indaiatuba. Em entrevista exclusiva ao Mais Indaiá, a Secretária de Cultura de Indaiatuba, Tânia Castanho, revela os bastidores e os princípios que sustentam a longevidade e a força do festival, que hoje ultrapassa os limites do entretenimento e se firma como ferramenta de transformação social, valorização artística e democratização do acesso à cultura.

Sob uma perspectiva analítica, o Maio Musical se apresenta como reflexo de um modelo de gestão que aposta em descentralização, inclusão e planejamento intersetorial. Mais do que um palco para grandes nomes da música brasileira — como Tiago Iorc, Diogo Nogueira e Ultraje a Rigor — o festival se tornou vitrine para talentos locais, com 26 projetos selecionados por edital público e mais de 700 músicos envolvidos nesta edição.

Tânia Castanho – Secretária de Cultura de Indaiatuba

“A cultura não está pautada em show e evento, está pautada em desenvolvimento com melhor qualidade de vida”, afirma Tania, ao reforçar que o Maio Musical é pensado como vetor de cidadania. Ações sociais como a troca de ingressos por leite, e parcerias com o SAE e CTA para testagens de saúde, exemplificam a amplitude do projeto, que integra cultura, saúde, assistência social e educação como dimensões inseparáveis.

A distribuição das apresentações em espaços como o Parque Ecológico, Casarão Pau Preto, Biblioteca Pública e bairros periféricos atende à diretriz de descentralizar o acesso à arte. É, nas palavras da secretária, uma resposta planejada ao crescimento urbano e à exigência de uma cultura que se faça presente no cotidiano da cidade.

Além do presente, o Maio também olha para o passado: a homenagem ao músico Nabor Pires Camargo, com núcleo próprio no Museu Reginaldo Geiss, reafirma o compromisso com a preservação da memória musical local. A iniciativa, segundo Tania, não apenas celebra um ícone da cidade, mas busca integrar jovens à história e ao legado do choro brasileiro.

Com orçamento público alocado de forma estratégica e transparente, o festival mostra como é possível unir grandes atrações com políticas de fomento contínuo à cultura de base, provando que gestão cultural eficiente vai muito além da agenda de espetáculos: é construção de identidade, pertencimento e futuro.

Acompanhe a entrevista:

Mais Indaiá – O Maio Musical chega à sua 33ª edição consolidado como o maior evento cultural do município. Quais são as principais diretrizes da Secretaria de Cultura para garantir que o festival continue sendo uma política pública de acesso democrático à arte?

Tânia Castanho – Verdadeiramente, é um dos maiores eventos da cultura e essa democratização de acesso à cultura é um dos pilares principais. Então, toda a programação é feita principalmente em locais onde o público possa estar, possa chegar, é tudo gratuito e essa programação tenta seguir todos os parâmetros que envolvem principalmente a participação dos nossos artistas locais, para nossos músicos locais. Este ano, no novo modelo, fora os grandes artistas convidados de repercussão internacional e nacional, nós temos a participação através do credenciamento de bandas, que são habilitados para todos os eventos que realizarmos e muitos já foram habilitados para tocarem agora no maio.

Mais Indaiá – Este ano, 26 projetos foram contemplados por edital de chamamento público. Como foi estruturado esse processo seletivo e quais critérios foram utilizados para assegurar a diversidade musical e a representatividade de artistas locais?

Tânia Castanho – Esses 26 projetos foram sendo selecionados dentro de vários projetos que foram enviados e que continuam sendo enviados, porque a abertura deste credenciamento está em efetivo exercício até junho de 2026.

Os critérios são diversidade musical, qualidade, formação, engajamento. Tudo isso contempla exatamente o retorno deste trabalho dos músicos locais para a apresentação e o Maio Musical, como sendo um evento que já se tornou não só da cidade, mas já regional, ele dá essa possibilidade para que as nossas bandas possam se apresentar não só no município, mas futuramente também em outros locais, como muitos grupos já se apresentam. E também esta troca em cultura é extremamente importante, assim quando nós recebemos também músicos de fora. Este credenciamento facilita todo esse processo, principalmente, e é um dos objetivos também como política pública, a valorização do músico local.

Mais Indaiá – Mais de 700 músicos participarão desta edição. Qual o impacto esperado desse investimento no cenário artístico local e como a Secretaria acompanha a evolução da carreira dos artistas da cidade após sua participação no festival?

Tânia Castanho – A visibilidade que o Maio traz para o município e para a região é um dos caminhos onde a gente pode promover exatamente esta apresentação para que outros locais os vejam, toda a divulgação de mídia, todo o material e toda a composição que o Maio traz, ele é um elemento que fornece também subsídios para que eles possam divulgar a sua arte, o seu show e poderem vender a produção que eles executam. Então o maio também é um dos caminhos através, exatamente, deste edital de credenciamento que possibilita isso.

Mais Indaiá – A presença de grandes nomes da música brasileira como Tiago Iorc, Diogo Nogueira e Ultraje a Rigor certamente atrai um grande público. Como a Secretaria equilibra a contratação de artistas de renome com a valorização e visibilidade dos talentos da cidade?

Tânia Castanho – Da seguinte forma, muitos dos nossos artistas já começaram a se apresentar, inclusive nacionalmente e isso faz com que eles nem estejam nesse pertencimento do credenciamento eles já partem para a questão, da mesma forma que esses grandes artistas nós já começamos também uma promoção através de políticas internas públicas que fortaleçam já essa contratação, sempre pensando que a nossa ideia é fortalecê-lo cada vez mais, com mais oportunidade, com um orçamento mais assertivo, para que eles possam, cada vez mais, poder promover essas apresentações. A nossa intenção é que vários músicos locais em Indaiatuba, um dos nossos objetivos como Secretaria Municipal de Cultura é exatamente promover este orçamento para que ele possa, se Deus quiser um dia, se tornar nacional como os grandes artistas. Estes artistas já consolidados, são chamariz, na verdade, além de ser super importante, a prefietura traz para a população aquilo que normalmente está em espaços fechados e ter eventos como este, gratuito, acessível, é muito legal.

Mais Indaiá – Sabemos que eventos dessa magnitude demandam recursos significativos. Qual o orçamento destinado à realização do Maio Musical em 2025 e de que forma a Secretaria assegura a transparência e eficiência no uso dos recursos públicos?

Públicos de diversos perfis e idades prestigiam as atrações do Maio Musical em Indaiatuba.

Tânia Castanho – A questão de ter um recurso, é uma verba que é destinada à cultura, usamos o que está dentro do orçamento para nossa secretaria, para desenvolver ações e políticas públicas culturais para população. Nós trabalhamos sobre os nossos segmentos, mas muito importante aqui deixar claro, que os recursos que são utilizados são exatamente para a população. O Maio é um evento que é promovido para a população e trazer esses shows, que muitas vezes só acontecem em âmbitos fechados e privados, e que tem um valor de ingresso alto, é um grande diferencial. Toda a programação é planejada, avaliada, atender a vontade popular com equilíbrio, com discernimento em termos de valores, sempre pautando por essa gestão transparente e trazendo para a população o que tem de melhor e que esteja acessível e possível dentro do nosso orçamento municipal.

Mais Indaiá – A inclusão de ações sociais, como a troca de ingressos por leite e a participação do SAE (Serviço de Atendimento Especializado) e do CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento) com testes de saúde, mostra um evento cultural com função cidadã. Como essas parcerias intersetoriais são pensadas e que retorno social a Secretaria espera gerar com elas?

Tânia Castanho – Ninguém faz nada sozinho. Então, o trabalho nosso da cultura, que faz parte de um posicionamento, de um desenvolvimento do indivíduo na sociedade, ele é pautado também para que em diversos momentos a colaboração social esteja presente. Este ano, em parceria, como todos os anos anteriores, o Topázio Cinemas, sessões com troca de ingresso por leite. E esse leite será enviado para o Fundo Social de Solidariedade (Funssol) nas demandas que são necessárias aqui no município. Não só isso, como saúde, como segurança, como limpeza pública, como todas as questões que envolvem o maio, é de um trabalho colaborativo. A gente espera que a cultura também sempre seja vista como uma forma colaborativa de desenvolvimento. A cultura não está pautada em show e evento, a cultura está pautada em desenvolvimento com melhor qualidade de vida com acesso, com informação para que ele possa sempre ter uma vida com maior qualidade e com maiores possibilidades.

Mais Indaiá – Com apresentações em espaços variados como o Parque Ecológico, CIAEI, Casarão Pau Preto e Biblioteca Pública, há uma clara intenção de descentralizar o acesso à cultura. Como essa estratégia dialoga com o planejamento urbano e o direito à cidade?

Tânia Castanho – Na verdade a cultura, a cada ano, ela vem se expandindo em espaços próprios e às vezes em espaços compartilhados. Exatamente, o crescimento da cidade demanda um estudo elaborado de estratégia para que a gente consiga atender a este grande avanço de desenvolvimento no município, mas nos últimos anos nós estamos chegando aos bairros e se ainda nós não temos um espaço próprio, normalmente nós operamos muito próximo às regiões. A intenção é ampliar esse acesso e esse estudo de demanda de democratização de acesso à cultura, que não está pautado, como eu já disse, só em eventos, está pautado em todo o acesso, inclusive as oficinas, as demandas de biblioteca, as demandas de museus, tornando os museus acessíveis, com essa possibilidade de potencial cultural, que é a fusão de várias artes num único espaço.

Mais Indaiá – O Maio Musical também celebra a memória do músico Nabor Pires Camargo. Como a Secretaria tem trabalhado a preservação e difusão da história musical da cidade dentro das diretrizes da política cultural municipal?

Tânia Castanho – Exatamente, a criação do núcleo Nabor Pires Camargo, que está alocado no Museu Reginaldo Geiss, que é o Casarão, foi uma política pública de desenvolvimento, através das oficinas que são oferecidas no Núcleo. Pautadas sobre a história, sobre a música de Nabor, e fazendo com que essa música seja tocada, estudada, vivida, que é uma das únicas formas de deixar essa cultura viva, em termos de nome, em termos de conhecimento. É muito importante que as nossas crianças, os nossos jovens, os nossos adultos conheçam a história de Nabor, preservem a história de Nabor e exatamente, a história aí entra com a participação dela no museu através de exposições, através de apresentações musicais, em choro, com suas rodas que acontecem aos domingos que acontecerão no maio também. E essa preservação musical faz com que esse engajamento prevaleça aqui no município.

Compartilhe essa notícia:
- Anúncio - Banner
- Anúncio - Banner